As hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, onde estão os principais reservatórios de usinas do país, podem atingir o maior nível de armazenamento para o mês de janeiro desde 2016, em meio a chuvas abundantes, baixo crescimento da demanda e medidas para preservar água dos lagos.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) estimou nesta sexta-feira (7) que os reservatórios da região terminarão janeiro deste ano com 40% da capacidade, ante 37% previstos na semana passada para o mês.
Se confirmado, seria o maior patamar para janeiro desde 2016, quando o indicador alcançou 44,4% no mês, conforme dados disponibilizados no site do ONS.
O indicador se compara com cerca de 17% registrados nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em setembro, mínima do ano passado quando cresceu a ameaça de um racionamento de energia, levando o governo a adotar uma série de medidas.
Nos últimos três anos, o nível de armazenagem nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste oscilou na faixa de 20%, nesta época, trazendo preocupações econômicas, visto que cerca de 65% da geração do Brasil é hidrelétrica.
No ano passado, quando o país enfrentou a pior seca dos últimos 90 anos, os reservatórios da região atingiram 23,3% da capacidade em janeiro.
O bom nível de chuvas nesse período úmido, aliado ao acionamento de parte do parque termelétrico e um crescimento baixo da demanda, tem permitido a recuperação dos lagos das hidrelétricas, afirma Luiz Barroso, presidente da consultoria PSR.
O ONS revisou para baixo a previsão de carga no sistema este mês, para uma alta de 0,6% ante janeiro de 2021, abaixo do 1,8% previsto na semana anterior.
Barroso destacou ainda a importância da flexibilização das restrições operativas hidráulicas de algumas usinas. Essa medida, tomada ao longo da crise hídrica do ano passado, terá contribuição relevante para o enchimento dos reservatórios, avalia.
“Se não tivéssemos isso (a flexibilização), o governo teria que usar parte dessa água para atender outros usos da água, como navegabilidade.”
Já no caso das chuvas, o ONS previu nesta sexta-feira que as hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste receberão o equivalente a 105% da média histórica em janeiro, ante 96% estimados da semana anterior.
Fonte: Folha de S. Paulo